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quinta-feira, 17 de março de 2011

Faça o que eu faço.

Na Aquarela, sempre defendemos que mais vale 15 minutos bem "gastos" com seu filho, do que passar o dia com ele sem dá-lo a devida atenção. Um dos mais reconhecidos educadores de nosso país, escreveu um livro: "Quem ama, Educa" e defende que criar é fácil, difícil é educar...
O texto abaixo: "Faça o que eu faço", é de Roberta Faria, editora chefe da revista Sorria, edição de Fev/Mar/2011, e nos foi enviado por Antonio Natrielli Neto (Pai da Ana Luisa Natrielli).

O dia em que entendi o que era educação foi num sábado de manhã, oito anos atrás, ao atender um telefonema de telemarketing. Foi uma ligação dessas que começam com alguém lendo seu nome completo. Fiz o de sempre: contei uma mentira rápida "Ah, a Roberta não esta, não. Ela só volta a noite. " Desliguei , corno se nada tivesse acontecido - e deparei com uma pessoa me encarando Intrigada. "Mas, mamãe, você ta! Por que você fingiu?!". A Cabriela tinha pouco mais de 3 anos. Até pouco tempo, tinha sido meu bebê - um trabalho braçal, mas que me exigia poucas explicações. De repente, estava se dando conta do mundo. Cheia de espanto, fazia perguntas curiosas e observações constrangedoras. Era uma nova fase, deliciosa. Até ela me pegar mentindo no telefone. Em segundos, vi um filme passar diante dos meus olhos. Uma coisa tão banal, eu sei - quantas mentirinhas não contamos? Mas, diante dela, tão fácil de ser enganada, senti o peso do mundo. Corno se aquela resposta fosse a mais Importante que eu daria à Gabi em toda nossa vida. Então isso é educação, pensei. Não o que dou a ela: não são os bons modos á mesa, a escola bacana, as aulas de natação, as histórias antes de dormir, as regras de comportamento, as brincadeiras, os passeios, as lições. Não, não é o que eu dou. A educação é o que eu sou. Eu sou o exemplo. Antes de tudo, da forma mais primitiva, é assim que se ensina e se aprende, que se transmitem valores e conhecimentos, hábitos e habilidades. Sem precisar de aulas, manuais, nem um só real: basta a convivência. E a força dessas lições é maior do que qualquer outra dada em salas, livros, discursos. Meus anos de estudos pouco significam perto dos exemplos que recebi. Isso também aconteceria com a minha filha. E tornaria tudo muito mai s difícil. Um curso pode custar caro, dar trabalho, mas é cômodo. Ser um bom exemplo, por inteiro, coerente no que se fala e no que se faz? É uma missão, para a vida toda. Mais ou menos como manter a barriga encolhida e as costas retas 24 horas por dia, inclusive quando se carrega as caixas da mudança pela escada. Naquela manhã de sábado, encolhi minha barriga, endireitei as costas, peguei minha filha pela mão e a levei para o jardim, para ter uma conversa da qual ela não guarda nenhuma lembrança, mas que mudaria minha vida. Expliquei que eu tinha fingido que não estava em casa porque não queria falar com a pessoa que tinha ligado. "Era o lobo?", perguntou, Não. Eu não conhecia a pessoa, expliquei. E desatei a falar: havia mentido e isso era ruim: temos de ser sinceras: fui má com a pessoa que ligou; pedia desculpas por ter feito uma coisa errada. Quando terminei, ela já estava cantarolando, em outro planeta. E eu estava tão feliz e chocada como se naquela manhã tivesse me tornado mãe outra vez. Uma coisa é ter filhos, entendi. Outra é se comprometer em educá-los. Desde então, tentar ser um bom exemplo para ela se reflete em cada mínima coisa da minha existência: o que eu como, compro, digo. O que faço no trabalho, como vivo minhas relações, as opiniões que defendo. Não janto mais no sofá, não tenho carro e faço mais gentilezas do que me é natural só para praticar o que digo a ela ser certo. Às vezes fracasso. Às vezes me orgulho. Fico em dúvida se adianta. Canso. Mas a recompensa tem a medida da dificuldade. E não está, quem diria, na filha que crio. Ela mora em mim: ao tentar educá-la, me transformo em uma pessoa melhor. Era eu quem mais precisava de educação.

2 comentários:

  1. Ás vezes, é disso que os filhos precisam, sinceridade acima de tudo, ás vezes nem importa a idade, muito bom o texto.

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  2. I learned man. Thanks.

    Education is what I am. Whow, what a truth.

    Thanks again.

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