Pesquisa mostra que o jeito mais prático e firme dos homens traz benefícios à criança.
No supermercado com os pais, João, 6 anos, quer porque quer a maior barra de chocolate da gôndola. “Não, filho, chega de doces. Você já encheu o carrinho de balas e biscoitos”. Mas o menino, nada satisfeito, insiste, começa a chorar e grita. A mãe, já sem tanta paciência, repete o não em um tom mais alto e, logo depois, tenta explicar a ele que não pode comer tanto doce de uma vez só. Enquanto isso o pai, do outro lado do corredor em busca das torradas, diz calmo, em um tom acima do normal: “João, obedeça à sua mãe”. Após alguns instantes, ele sugere ao garoto: “Cara, me disseram que hoje você fez um gol no futebol? Conta como foi!”.
Essa é uma cena fictícia, mas você poderia presenciá-la a qualquer instante no supermercado ou em outro lugar público mais perto da sua casa, não? Pais e mães enfrentam birras, manhas e outras situações complicadas com os filhos. E, nem sempre, têm a mesma postura – enquanto elas se comovem mais com o choro, se exaltam com mais facilidade, se sentem culpadas e preferem falar, eles são mais práticos e assertivos, ou seja, são mais pacíficos sem ser passivos. Isso não quer dizer que um seja melhor do que o outro. São apenas jeitos diferentes - e complementares - de educar.
Segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, o estilo diferente dos pais lidarem com os filhos tem um valor particular. A maneira que eles costumam interagir com as crianças traz benefícios a longo prazo para elas, como melhorias cognitivas, menos problemas de comportamento na idade escolar e problemas psicológicos em mulheres jovens.
Os homens tendem a desafiar as crianças usando caretas ou fingindo chorar quando elas fazem birra, além de estarem sempre prontos para aprontar com elas em brincadeiras barulhentas e de contato físico. Até a maneira como seguram seus bebês pode ser diferente das mães – enquanto ela aconchega a criança nos braços perto do peito, eles parecem segurar uma bola de futebol, dizem os pesquisadores.
Para Ricardo Monezi, psicólogo e pesquisador do setor de medicina comportamental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a diferença entre os dois é explicada pelo fato do homem “ter estruturas cerebrais e mapas de comportamento que levam a uma maior praticidade, principalmente em relação aos filhos”.
Devido ao hormônio ocitocina, que regula o vínculo da mulher com o filho, a mãe é mais sensível e tende a expressar seus sentimentos de maneira mais intensa e mais doce. Já o pai tende a ser mais determinado e prático, afirma Monezi. “Ele geralmente é mais firme e difícil de ceder em algumas situações, e mais resiliente", diz.
Claro que essa não é uma regra e que há casos de pais mais emotivos, “dobrados” muito facilmente pelos filhos do que as mães. Para a psicóloga do Hospital Israelita Albert Einstein, Melina Blanco Amarins, essa diferença pode ser cultural ou até consequência da educação que os pais tiveram. “A gente pode ver com frequência a inversão de papéis, uma mãe mais enérgica e um pai mais emotivo, nada é a ferro e fogo”, diz. Mas, se observarmos em volta, podemos ver um número muito maior de homens falando mais firme com os filhos (não estamos falando de pais repressores, OK?).
Com todas as diferenças, o mais importante, segundo Melina, é que o casal entre emconsenso na educação do filho, sem ser rígido ou permissivo demais, mas que saiba estipular as regras juntos. A criança precisa ter uma linha a seguir para se sentir segura e saber por onde vai. “Ela sabe reconhecer os limites estabelecidos só pelo olhar, assim como reconhece quem é acolhedor e quem não é”, afirma.
Fonte: Site Crescer
Nenhum comentário:
Postar um comentário