Dentro da barriga,
nem sempre o bebê adota a posição mais indicada para o parto. Mas é possível
ajudá-lo a dar a volta.
1 -
Qual a melhor posição em que o bebê pode ficar?
A melhor posição é a
ocipito-púbica (anterior), o que quer dizer que a cabeça do bebê está a apontar
para baixo, as costas estão coladas à barriga da mãe e a face está voltada para
a coluna vertebral (da mãe). Esta posição permite uma passagem mais suave pelo
canal de parto uma vez que a parte mais pequena da cabeça do bebê atinge o colo
do útero (parte baixa do útero) em primeiro lugar. A maioria dos bebês adota
naturalmente esta posição antes do nascimento.
2 -
Quais as outras posições em que o bebê pode estar?
O bebê pode ficar na
posição ocipito-sagrada posterior (quando a parte detrás da cabeça e as costas
ficam junto à sua coluna vertebral), na posição transversal (quando se
posiciona ao longo da pélvis com a cabeça de um lado e as nádegas do outro) e
em apresentação pélvica (longitudinalmente no útero, com as nádegas ou os pés
junto do canal de parto).
3 -
Como posso ajudar o meu bebê a adotar a posição mais adequada?
Existem alguns
exercícios, desenvolvidos pela parteira neozelandesa Jean Sutton, denominados
OFP (‘optimal fetal positioning’). O truque passa por se manter ativa durante a
gravidez, o que influencia o bebê a adotar a posição mais correta no útero.
Também é importante que passe algum tempo por dia na «posição de quatro»
(quatro apoios, dois joelhos e duas mãos no chão) e que rode as ancas.
4 -
Existem provas que a OFP resulta?
Não existem muitos
estudos sobre a eficácia da OFP. No entanto, um artigo publicado pela base de
dados Cochrane (organização independente e sem fins lucrativos que
disponibiliza informação sobre saúde) revelou que passar dez minutos por dia
com as mãos e os joelhos no chão pouco influenciava a posição do bebê. Outro
estudo revelou que, quando os bebês estão na posição occipital posterior
durante o parto, se a mãe passar pelo menos 30 minutos ‘de quatro’, ao fim de
uma hora o dobro dos bebês adoptam a posição occipital anterior. Quando Jean
Sutton foi promovida a chefe de parteiras numa maternidade da Nova Zelândia,
graças aos seus exercícios conseguiu que a taxa de partos com a ajuda de
fórceps descesse de três a quatro por mês para dois a quatro por cento ao ano.
5 -
Qual é o problema da posição costas-contra-costas?
O trabalho de parto pode
ser mais demorado e desconfortável caso o bebê esteja na posição occipital
posterior e a grávida pode ter mais dores nas costas, uma vez que a cabeça do bebê
está a fazer pressão na sua coluna vertebral. Ele vai ter de rodar 180 graus
antes de nascer e pode ser doloroso. As contrações vão ser a dobrar para
dilatar o colo e de forma a posicionar o feto. Caso o bebê não vire, pode ser
necessária a intervenção de fórceps ou ventosa para o ajudar a nascer.
6 - E
se o bebê não der a volta?
Nos casos em que o bebê
está em posição transversal ou em apresentação pélvica, os médicos optam pela
cesariana para evitar complicações para a mãe e para a criança. É uma das
poucas situações para as quais a cesariana está indicada.
7 - Se
não é habitual, por que razão o meu bebê está nesta posição?
Segundo Jean Sutton,
assistiu-se nas últimas décadas a um aumento significativo de bebês na posição
occipital posterior. Tal pode ser explicado pelo estilo de vida sedentário das
mães. Permanecer muito tempo sentada pode fazer com que o bebê se posicione
contra a sua coluna devido aos movimentos da pélvis. Ao contrário, se
permanecer ativa e de pé, tal irá aumentar as hipóteses do bebê adotar a
posição occipital anterior.
8 -
Será que a cabeça do bebê não vai ‘encaixar’ se estiver na posição posterior?
Os bebês em posição
occipital posterior têm menos probabilidade de se posicionarem corretamente
antes de começar o trabalho de parto. No entanto, de acordo com as
recomendações do Instituto (britânico) Nacional para a Saúde e Excelência
Clínica (NICE) este não é um problema. «Quando o trabalho de parto começa, a
cabeça molda-se um pouco e a pélvis cede perante as contrações uterinas. A
combinação destes fatores facilita o processo».
9 - Em
qual das etapas da gravidez o bebê começa adotar a melhor posição para nascer?
O bebê começa a mover-se
desde o início da gravidez e muda de posição à medida que vai crescendo. No
final da gestação, com o espaço reduzido ao mínimo, vai descer até à pélvis e
adapta-se à posição em que irá nascer. Isto acontece por volta das 35 semanas.
10 - O
que posso fazer para encorajá-lo a ficar na posição correta?
Adotar o hábito de ver
televisão ajoelhada no chão, não cruzar as pernas (uma vez que diminui o espaço
na parte da frente da pélvis) e manter-se ativa durante a gravidez pode ajudar
o bebê a adotar uma posição correta.
11 -
Será que há problema se dormir de costas?
Os especialistas não
aconselham as futuras mães a dormir de costas, especialmente nos últimos meses
de gravidez, devido à pressão que é colocada no útero, o que restringe o fluxo
sanguíneo.
12 - O
que posso fazer se o meu bebê já estiver na posição posterior?
Exercite as ancas quando
estiver ajoelhada duas ou três vezes por dia, cinco minutos de cada vez. Yates,
professora de Shiatsu, recomenda gatinhar porque, além de encorajar a posição
occipital anterior (OFP), é um bom exercício para os músculos abdominais e das
costas. Além de gatinhar para a frente e para trás, sugere que se espreguice
como um gato. «Pela minha experiência, se a mulher adotar a posição de quatro
desde o início da gravidez e se trabalhar estes exercícios, se o bebê estiver
na posição posterior dará a volta em 99 por cento dos casos». Yates recomenda
ainda às mães com bebês transversais para adotarem estas posições e, assegura
que na maioria dos casos o bebê muda de posição.
13 - E
se nada disso resultar?
Tente não se preocupar.
Alguns bebês estão determinados a ficar numa certa posição. No entanto,
lembre-se que a maioria dá a volta durante o parto.
14 -
Estou com 32 semanas e, neste momento, o meu bebê está pélvico. É um problema?
Cerca de 15 por cento
dos bebês são pélvicos (com os pés ou as nádegas junto ao canal de parto) às 32
semanas. A maioria irá dar a volta nas próximas quatro semanas, com apenas três
ou quatro por cento a permanecerem na posição pélvica à medida que o nascimento
se aproxima. Se o bebê não der a volta às 36 semanas, poderá ter de marcar uma
consulta de forma a discutir as várias opções do nascimento.
15 -
Quais as opções de parto mais prováveis?
Se o bebê não tiver dado
a volta às 37 semanas, o obstetra pode tentar uma técnica denominada Versão
Externa. Realizada em meio hospitalar, sob monitorização fetal contínua, um
obstetra experiente administra um relaxante muscular uterino, no sentido de
facilitar a manobra, coloca as mãos na sua barriga e empurra de forma firme
para tentar guiar o bebê a dar a volta. Não é doloroso, mas pode ser
desconfortável e resulta em 50 a 70 por cento dos casos. Se o bebê não mudar de
apresentação, pode ser sugerida uma cesariana.
16 -
Será que há algo que possa fazer para ajudar o bebê a dar a volta?
Algumas pesquisas sugerem que o ato
de levar os joelhos ao queixo pode ajudar a deslocar o peso do feto (coloque-se
com as mãos e os joelhos no chão, apoiando os antebraços no chão, de forma que
o rabo fique mais elevado).
Fonte: Site Pais&Filhos