E não é nada patológico: simplesmente, precisamos abrir espaço para novos aprendizados e recordações. Entenda...
Você se lembra da casa do seu avô? Do cheirinho de café que sua família tomava nos fins de tarde? E das primeiras festas de aniversário? Guardar esse tipo de memória é uma delícia. Mas será que elas ficarão nas lembranças do seu filho?
Uma pesquisa publicada no periódico científico Memories mostra que certas lembranças têm uma espécie de prazo de validade. Ou seja: aquelas cenas mais antigas, relativas ao início da vida, podem desaparecer quando a criança completa 8 ou 9 anos. Para chegar a essa conclusão, os cientistas gravaram 80 crianças de 3 anos conversando com seus pais. O assunto do papo era sobre eventos recentes: a visita ao zoológico, a festa de aniversário do amigo, o passeio na praça. Quando essas crianças completaram 5, 6, 7, 8 ou 9 anos, os pesquisadores voltaram a entrevistá-las, para falar sobre os mesmos acontecimentos. Resultado: entre 5 e 7 anos, elas se lembravam de 72% dos fatos que ocorreram quando tinham 3 anos. Já na faixa dos 8 aos 9 anos, só mantiveram 35% dos registros.
Esse esquecimento é preocupante? Não, é extremamente normal. “Até os 3 anos, os mecanismos neurobiológicos relacionados à memória ainda estão se estruturando e continuam a ser aprimorados até a adolescência”, explica Egeu Bosse, neuropediatra do Hospital São Camilo (SP). Por isso, é difícil lembrar de detalhes do que ocorreu quando éramos bebês. Você deve estar se perguntando: mas, se aprendemos a falar e a andar nessa época, como não esquecemos mais? Há um tipo de memória específico para as ações neuropsicomotoras. Ou seja: não nos lembramos nem da cena de quando demos os primeiros passos nem da reação dos adultos quando ouviram o nosso “mamãe”. Mas o aprendizado da fala e da caminhada são guardados para sempre.
Com o passar do tempo, a memória vai se sofisticando e ganhando capacidade de armazenamento. Na faixa dos 8 aos 9 anos, certos fatos de que as crianças se recordavam quando menores perdem importância ou utilidade e são substituídos por memórias mais recentes e fascinantes. É quando recebemos mais estímulos após a alfabetização. Consequentemente, a recordação daquele passeio ao zoológico, feito anos antes, cede espaço para acontecimentos com maior relevância.
É claro que as memórias de momentos impactantes e significativos podem ter força para serem armazenadas por um período mais longo. Mas existem diferenças individuais na capacidade de se lembrar de fatos antigos. Há quem seja melhor no futebol, na pintura, no esconde-esconde – e na memória a longo prazo, também. “O modo como cada pessoa faz o registro dos acontecimentos é diferente”, diz o neuropediatra. O mais comum é que as primeiras recordações apareçam de forma fragmentada. Já a cena de algo que ocorreu na vida adulta será resgatada com mais riqueza de detalhes.
De forma geral, é possível contribuir com a capacidade de armazenamento da memória, adotando alguns hábitos saudáveis. Caso você e seu filho tenham uma rotina de sono e de alimentação adequada, as chances de se lembrarem dos momentos felizes vão crescer! Aproveite para incluir ômega 3 – presente em peixes de água fria, como o salmão e a sardinha, por exemplo – à dieta da família e pratiquem exercícios físicos. “São hábitos que aumentam a resistência e o desempenho das células nervosas. Ou seja, previnem o esquecimento”, explica Bosse. Tudo o que contribuir para o bem-estar da família pode melhorar a memória das crianças. Brinque com elas, conte histórias, mostre os álbuns de fotografia e vídeos que fez desde que era bebê: essas experiências seu filho vai levar com ele para a vida adulta e ficarão guardadas sempre!
Fonte: Site da revista Crescer
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