(TEXTO RETIRADO DO LIVRO: “ALÔ, CHICS!” – DE GLÓRIA KALIL)
Não pude deixar de reparar. Ao meu lado, na balcão de um restaurante japonês m um pai (obviamente pai separado) jantava com o filho no seu dia de guarda. A criança era bem pequena: teria no máximo 5 anos, mas chamava atenção pelo jeito civilizado como se comportava, e pela destreza com que manejava os traiçoeiros palitos japoneses, comendo de tudo – de peixe cru a sushi – sem deixar cair no balcão um só grãozinho de arroz. Os dois conversavam e riam. Claramente estavam aproveitando a noite e a companhia um do outro. Uma criança educada e feliz.
Pais e mães têm que entender que a função primordial deles é preparar as crianças para a vida, e que faz parte desse ritual dar limites. Isso é especialmente importante para pais separados que não têm forças ou coragem de educar os filhos quando estão juntos para não passarem a imagem de pessoas repressoras e, portanto, chatas.
As crianças precisam, pedem e querem ter limites para saber até onde vão seus direitos, e onde começa o dos outros. Criança sem limites vira um adulto invasivo, egoísta e mal preparado para viver em sociedade. Um ser civilizado é aquele que fica inteiramente à vontade no mundo porque conhece suas regras, seus direitos e também o dos outros.
O pai com o filho no restaurante japonês é um exemplo vivo dessa tranqüilidade. Olhando para eles, pedi um saquê e brindei, silenciosamente, à civilidade dos dois.
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