Meu filho só quer dormir na minha cama. Ele vai fazer 3 anos e, à noite, adormece vendo TV no meu quarto...
Entre 2 e 3 anos, a criança começa a se dar conta de que é independente dos pais e que eles não vivem apenas em função dela. Essa descoberta - bastante desejável - vai estimular seu filho a crescer e ganhar autonomia. Mas passar por isso nem sempre é fácil. Traz angústias e pode fazer com que ele queira estar o tempo todo com vocês, inclusive durante o sono. O princípio do cada um na sua cama", então, torna-se um bom começo para reforçar a noção de individualidade - hoje, um dado valioso da nossa cultura. Há um ideal de que cada um tenha o seu espaço e de que ele seja respeitado. Não que compartilhar a cama com o filho seja sempre um problema. Tudo bem permitir o mimo num dia em que ele estiver doente ou fragilizado. Também pode acontecer só porque faz frio demais. O que não pode é virar hábito. Dá para entender que a criança esperneie para ficar no meio do pai e da mãe. Ela sabe que dormir significa sair de cena. Convencê-la a ir para a cama e ainda por cima no quarto dela dá trabalho. Mas educar é isso. Cabe aos pais mostrar que é bacana ter o próprio cantinho e tranqüilizar o filho. Os rituais noturnos são ótimos aliados. Comece estabelecendo um horário para seu pequeno deitar e cumpra-o ao máximo. Depois de colocá-lo na cama, ler uma história, cantar ou rezar junto pode ser o segundo passo. Um boneco, um bichinho de pano ou um travesseiro de estimação vão ajudá-lo a se sentir seguro. Espere até ele adormecer e, se receber uma visita na madrugada, leve-o de volta para a cama, explicando que é hora de dormir - e no próprio quarto. Depois de alguns dias, se ainda exagerar na manha, cumpra o ritual que você estabeleceu e saia sem remorsos. Diga que está cansada, que já leu duas historinhas e que, pela manhã, vocês conversam. Se os pais se mantêm firmes, em pouco tempo a situação costuma entrar nos eixos. Mais complicado é quando o casal está em crise e usa a presença do filho como um escudo. Essa dinâmica negativa deve ser rompida, de preferência com o apoio de um terapeuta. A ajuda especializada também pode ser necessária caso o vínculo com a mãe tenha sido mal construído em fases anteriores. É comum as crianças fantasiarem que vão ser abandonadas. Se receberam a atenção e o amor de que precisavam desde cedo, não darão tanta dor de cabeça e logo irão recuperar a calma... e o sono. Senão, o temor do abandono pode multiplicar as dificuldades com a separação na hora de dormir. Seja qual for o caso, os pais têm a obrigação de acalentar a criança até que se acalme e volte a dormir... no quarto dela! Não se trata de deixar de atendê-la, mas de demonstrar seu amor - sem puxá-la para sua cama. (Silvana Rabello é psicanalista especializada em clínica com crianças, professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenadora do Espaço Palavra, da Clínica Psicológica da Puc-SP)
Entre 2 e 3 anos, a criança começa a se dar conta de que é independente dos pais e que eles não vivem apenas em função dela. Essa descoberta - bastante desejável - vai estimular seu filho a crescer e ganhar autonomia. Mas passar por isso nem sempre é fácil. Traz angústias e pode fazer com que ele queira estar o tempo todo com vocês, inclusive durante o sono. O princípio do cada um na sua cama", então, torna-se um bom começo para reforçar a noção de individualidade - hoje, um dado valioso da nossa cultura. Há um ideal de que cada um tenha o seu espaço e de que ele seja respeitado. Não que compartilhar a cama com o filho seja sempre um problema. Tudo bem permitir o mimo num dia em que ele estiver doente ou fragilizado. Também pode acontecer só porque faz frio demais. O que não pode é virar hábito. Dá para entender que a criança esperneie para ficar no meio do pai e da mãe. Ela sabe que dormir significa sair de cena. Convencê-la a ir para a cama e ainda por cima no quarto dela dá trabalho. Mas educar é isso. Cabe aos pais mostrar que é bacana ter o próprio cantinho e tranqüilizar o filho. Os rituais noturnos são ótimos aliados. Comece estabelecendo um horário para seu pequeno deitar e cumpra-o ao máximo. Depois de colocá-lo na cama, ler uma história, cantar ou rezar junto pode ser o segundo passo. Um boneco, um bichinho de pano ou um travesseiro de estimação vão ajudá-lo a se sentir seguro. Espere até ele adormecer e, se receber uma visita na madrugada, leve-o de volta para a cama, explicando que é hora de dormir - e no próprio quarto. Depois de alguns dias, se ainda exagerar na manha, cumpra o ritual que você estabeleceu e saia sem remorsos. Diga que está cansada, que já leu duas historinhas e que, pela manhã, vocês conversam. Se os pais se mantêm firmes, em pouco tempo a situação costuma entrar nos eixos. Mais complicado é quando o casal está em crise e usa a presença do filho como um escudo. Essa dinâmica negativa deve ser rompida, de preferência com o apoio de um terapeuta. A ajuda especializada também pode ser necessária caso o vínculo com a mãe tenha sido mal construído em fases anteriores. É comum as crianças fantasiarem que vão ser abandonadas. Se receberam a atenção e o amor de que precisavam desde cedo, não darão tanta dor de cabeça e logo irão recuperar a calma... e o sono. Senão, o temor do abandono pode multiplicar as dificuldades com a separação na hora de dormir. Seja qual for o caso, os pais têm a obrigação de acalentar a criança até que se acalme e volte a dormir... no quarto dela! Não se trata de deixar de atendê-la, mas de demonstrar seu amor - sem puxá-la para sua cama. (Silvana Rabello é psicanalista especializada em clínica com crianças, professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenadora do Espaço Palavra, da Clínica Psicológica da Puc-SP)
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